sábado, 8 de janeiro de 2022

18 cidades do Ceará não registraram homicídios em 2021, duas são da região dos inhamuns

 

O contraponto de quem vive em conglomerados urbanos e quem permanece nas cidades interioranas onde "todos se conhecem" é comprovado a partir dos números relacionados à violência. Em 2021, 18 cidades do Ceará não registraram assassinatos. O levantamento feito pelo Diário do Nordeste a partir dos dados disponibilizados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) revela que distante da Capital, com quase mil mortes violentas no ano passado, há locais onde prevalece a sensação de segurança.

Dentre os municípios com menor índice de mortes, a cidade de Caririaçu tem o maior número de habitantes, conforme estimativa do IBGE. Com pouco mais de 27 mil residentes, ali persiste a rotina de ao anoitecer os vizinhos sentarem nas calçadas para conversarem, sem a preocupação se vão ser ou não abordados por criminosos.

Já os municípios considerados como mais perigosos no Ceará, devido ao alto índice de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), que englobam homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, são: Fortaleza, com 902 casos; Caucaia, 276; Maracanaú, 116; Sobral, 110; e Juazeiro do Norte, 92 casos. Somadas as ocorrências nas cinco localidades são 1.496 homicídios, quase 45% dos 3.299 contabilizados pela SSPDS em todo o Estado, em 2021.

O levantamento aponta que 37 municípios têm baixo índice de CVLIs, considerando que neles foram registrados de um a três assassinatos em 2021. Entre eles temos: Aiuaba, Ererê, Mulungu, Palmácia e Senador Pompeu. Assim como na Capital e RMF, predomina no Interior o mesmo perfil das vítimas: sexo masculino, baixa escolaridade, de 18 a 35 anos e morta por disparos de arma de fogo.

Os dados refletem a predominância das facções criminosas em determinados espaços. Onde o tráfico de drogas e de armas se instala, a violência aflora como consequência.
 
AS 18 CIDADES DO CEARÁ SEM HOMICÍDIOS EM 2021 E A POPULAÇÃO ESTIMADA PELO IBGE:

Altaneira - 7.712

Antonina do Norte - 7.042

Arneiroz - 7.848

Baixio - 6.318

Caririaçu - 27.008

Catarina - 21.041

Chaval - 13.112

Granjeiro - 4.784

Ipaporanga - 11.597

Itaiçaba - 7.094

Meruoca - 15.309

Miraíma - 13.965

Moraújo - 8.833

Piquet Carneiro - 17.210

Porteiras - 14.920

Potiretama - 6.455

Tarrafas - 8.555

Umari - 7.740

Na cidade de Catarina, Elcileide Mendonça acredita que a harmonia entre a vizinhança influenciam para a não-adesão ao "mundo do crime”. Nasci e me criei em Catarina. Todo mundo se conhece e as famílias se respeitam muito. É assim: quem é fulano? É da família tal, filho de fulano de tal. Tem essa referência e eu acredito que isso faz com que exista o zelo"

Situação similar é observada em Arneiroz. Conforme o advogado Ronney Chaves, a rotina interiorana, de cidade pequena é saldo positivo: "Acredito que um dos motivos de não ter morte é que todo mundo se conhece. Então se acontece algo com alguém todo mundo sabe logo quem foi. Desconheço se existe grupo criminoso em Arneiroz, nunca vi nada sobre divisão de bairros", diz.

Já quem mora em Caucaia, na Grande Fortaleza, se preocupa com a migração dos grupos criminosos. Segundo um morador da cidade, que terá sua identidade preservada, desde 2019 houve uma piora significativa na segurança. Ele atribui à movimentação dos grupos armados, afirma que nos bairros mais afastados vêm sendo cada vez mais comum registros de mortes por acerto de contas e diz que predomina a regra imposta pelos traficantes.

Fonte: Diário do Nordeste 

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