sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Escolas de 18 municípios do sertão cearense, incluindo Tauá, receberão kits para prevenção sanitária e cisternas

 

A maioria das escolas públicas da rede municipal no Ceará não está preparada para o retorno das aulas presenciais, depois de 18 meses de início da pandemia do novo coronavírus. É o que aponta o Diagnóstico Hidrossanitário das Escolas Municipais, realizado pela We World – GVC Brasil.

Recentemente, por meio de decreto, o governo do Estado autorizou o retorno dos alunos às salas de aula e a adoção do sistema híbrido – parte presencial e outra remota, com ensino online.

Com o objetivo de resolver essas carências e dar maior segurança às famílias sertanejas, três ações sociais foram definidas para atender escolas de 18 municípios do sertão cearense: doação de 134 kits escolares de higiene pessoal, prevenção sanitária e implantação de 15 cisternas escolares.

Os municípios beneficiados serão Ararendá, Boa Viagem, Crateús, Deputado Irapuan Pinheiro, Ipueiras, Madalena, Milhã, Mombaça, Novo Oriente, Pedra Branca, Piquet Carneiro, Poranga, Quiterianópolis, Quixeramobim, Senador Pompeu, Tauá, Solonópole e Tamboril.

As 15 cisternas serão implantadas em sete municípios:
Senador Pompeu (2)
Solonópolis (2)
Milhã (3)
Pedra Branca (3)
Madalena (1)
Mombaça (2)
Novo Oriente (2).

Todas as escolas que participaram do estudo receberam formações sobre os protocolos sanitários, e também um plano de segurança com as recomendações e dicas de como promover uma volta às aulas mais seguras aos professores e alunos.

Um dos municípios beneficiados é Tauá, nos Inhamuns, onde o retorono dos alunos às salas de aula ocorrerá a partir do dia 4 de outubro, por meio de rodízio, em modalidade híbrida.

Temos uma parceria exitosa com a WWB e a doação desses kits é muito oportuna, em meio ao desafio da volta às aulas, em breve.
João Álcimo Lima
Secretário de Educação de Tauá

Tauá tem 24 escolas na zona rural e 19 na área urbana. “Desse total, 19 foram reformadas e as demais passaram por serviço de conservação e adequação para receber os alunos com as medidas sanitárias adequadas”, pontuou Álcimo.

A distribuição dos insumos está prevista para ocorrer do dia 29 deste mês a 2 de outubro. Serão entregues 9.500 litros de álcool, 64.800 máscaras PFF2 e 18 mil pacotes de absorventes; construídas 15 cisternas escolares, instaladas 60 pias para lavagem de mãos e fixados 134 banners educativos para as escolas contempladas por estas ações sociais.

A ação social, preventiva e sanitária será feita pelos Projetos “Contexto: Educação, Gênero e Emancipação”, co-financiado pela União Europeia; "De volta às aulas em tempos de pandemia: água e saneamento para garantir ambientes seguros no Semiárido", financiado pela Otto Per Mille e pelo Programa Solidariedade a Distância (SaD), financiado pela We World Onlus.

Há casos em que em uma escola reúne aproximadamente 100 alunos matriculados, mas conta com apenas um lavatório de mãos e um sanitário em condições inadequadas.
Karoline Carvalho Barbosa
Engenheira sanitarista e ambiental

Para Karoline, uma das responsáveis pelo levantamento das condições das unidades escolares, a distribuição de álcool será uma grande aliada para essas escolas que não têm pia em quantidade suficiente.

Rosângelo Marcelino é coordenador do Projeto Contexto, e espera que a ação socioeducacional desperte entre as autoridades a necessidade de melhoria da infraestrutura escolar no sertão nordestino.

A vacinação está avançando no interior do Estado, mas os cuidados com a prevenção devem continuar e muitas escolas não estão preparadas para esse retorno”, frisou Marcelino. “As doações são uma forma de apoiar essas unidades escolares e as famílias dos estudantes para que a possível volta às aulas seja feita com uma maior segurança para todos”.
 
POBREZA MENSTRUAL

A equipe técnica do Diagnóstico Hidrossanitário das Escolas Municipais realizado em 95 escolas dos municípios de Ipaporanga, Nova Russas, Monsenhor Tabosa, Quiterianópolis e Tamboril indicou que “nenhuma das unidades escolares realiza atividades educativas sobre o manejo menstrual, e apenas algumas escolas contam com a infraestrutura necessária para esse tipo de higiene pessoal”.

O documento revela que, segundo relatos das famílias, “muitas mães estão escolhendo não comprar absorventes para poder ter mais dinheiro para custear alimentos”.

Os educadores e técnicos entendem que “a falta do absorvente afeta diretamente o desempenho escolar das estudantes e, como consequência, restringe o desenvolvimento de seu potencial na vida adulta”.

O estudo “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostra que 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas.

Para a educadora Marluce Torquato, “as ações socioeducativas são importantes para o reforço das medidas de prevenção e higienização dos alunos”. Ela frisou que “as escolas precisam estar preparadas para receber os estudantes, professores e servidores vacinados, uso de equipamentos de proteção e que os cuidados precisam ser adotados, mesmo diante dos sinais de redução dos casos de covid-19”
 
SAIBA MAIS

A We World é uma organização italiana independente e ativa em 27 países, incluindo Itália, com projetos de Cooperação para o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária de modo a garantir os direitos das comunidades mais vulneráveis a começar pelas mulheres e crianças.

A WWB intervém no meio social a partir de projetos que buscam garantir o direito à água, aos alimentos, à saúde, à educação e à dignidade de cada indivíduo.

Recentemente, a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou projeto encaminhado pelo governo do Estado para aquisição de 115 mil absorventes para serem distribuídos para alunas da rede estadual de ensino. A medida faz parte de um projeto de higiene íntima feminina e visa amenizar o processo de evasão escolar em razão do período menstrual.

Fonte: Diário do Nordeste 

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