quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Ano de 2023 teve o maior número de feminicídios no Ceará e em Fortaleza

 

Desde que a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) começou a contabilizar feminicídios (com essa tipificação criminal), há 6 anos, o Estado do Ceará e a Capital Fortaleza registraram os maiores números de crimes de mortes contra mulheres em razão do gênero, em um ano, em 2023.

Conforme dados da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), foram registrados 42 feminicídios no Ceará, no ano passado. O que representou um aumento de 44,8%, na comparação com o ano anterior, 2022 - que teve 29 crimes. Até então, o ano que tinha o maior número de feminicídios no Estado era 2019, com 34 casos.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará garantiu, em nota, que "atua, por meio de suas vinculadas, no combate à violência de gênero em todo o Ceará. Para tanto, são realizadas ofensivas, investimentos, estudos estratégicos e formações contínuas para os servidores, visando aprimorar, cada vez mais, os esforços no acolhimento às vítimas e responsabilização dos investigados".

O recorde de feminicídios em um ano também foi registrado em Fortaleza em 2023, com 10 casos - um crime a mais que 2022 - e na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), onde foram registrados 8 mortes no ano passado - contra 5 crimes em 2019 (recorde até então).

Em contrapartida, o Interior Norte teve 12 feminicídios em 2023, número inferior ao ano de 2021, que teve 15 casos; e o Interior Sul também teve 12 crimes no ano passado, enquanto em 2020, foram 13.

Pesquisadora do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Rede de Observatórios da Segurança, a socióloga Fernanda Naiara acredita que "a gente vem acompanhando, no Ceará, uma transformação, a nível de política de Estado, da compreensão do feminicídio, do que é registrar um feminicídio".

Por um lado, esse número fala que tem muitos feminicídios acontecendo. A gente conversava entre os pesquisadores sobre a defasagem dos dados do Governo do Estado, que eram insuficientes e subnotificados. Justamente por essa compreensão do que é o feminicídio, como se configura essa morte que é causada apenas pelo fato de ser mulher, esse crime de ódio. Talvez, agora, o Estado esteja tentando retratar a realidade do número de feminicídios no Ceará."
FERNANDA NAIARA
Socióloga

5.904 suspeitos de crimes tipificados na Lei Maria da Penha foram presos, no Ceará, em 2022 e 2023, segundo dados da Supesp. Na comparação entre os dois últimos anos houve um aumento de 38,5% nas prisões em 2023, quando 3.429 suspeitos foram capturados; em 2022, foram 2.475 suspeitos presos.

Fernanda Naiara aponta que o Estado e a sociedade "precisam entender quem são essas 42 mulheres que foram vítimas de feminicídios, de forma qualitativa. Moram em quais territórios? Qual a faixa etária, a raça? São mulheres cis, trans? Para que o Estado consiga trabalhar na diminuição desses números e na prevenção, a partir de políticas de acordo com essa realidade, que sirva a essas pessoas. A violência contra a mulher é um ciclo, que precisa ser quebrado".

Fonte: Diário do Nordeste 

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