Por que “copas” é representado por um
coração e “ouros”, por um losango? O baralho-padrão vem da fusão de elementos
dos baralhos espanhol (ou italiano) e francês, com características
acrescentadas pelos ingleses. Os primeiros baralhos que se difundiram pela
Europa, a partir do século 14, traziam figuras de taças (copas, em espanhol),
bastões, moedas de ouro e espadas. Assim eram os baralhos espanhóis e
italianos. Após o Renascimento, popularizou-se o modelo francês, que trazia
figuras estilizadas representando cada um dos naipes: corações (coeur), trevos
(trèfle), quadrados (carreau) e pontas de lança (pique), nomes que se mantêm
até hoje na terra de Asterix. Como os logotipos franceses eram mais simples de
imprimir em larga escala, eles prevaleceram.
Ainda assim, em português mantiveram-se
os nomes espanhóis dos naipes, que representam os quatro poderes sociais: taças
(copas) remetem ao poder religioso; ouros, ao econômico; espadas, ao militar; e
os bastões (paus), uma arma rude, representam o povo. Exportadas para a vizinha
Grã-Bretanha, as cartas francesas ganharam características inglesas: as figuras
do rei, dama e valete ganharam as letras K, Q e J, em referência a king, queen
e jack. E assim chegou-se ao padrão internacional usado hoje. Os nomes dos naipes
em inglês, contudo, apresentam uma certa estranheza. Clubs (clavas, em
português) e spades (espadas) são uma herança espanhola. Hearts (corações)
segue a nomenclatura francesa. Já o nome diamonds (diamantes), que equivale ao
nosso ouros, é 100% britânico.
Segundo Cláudio Moreno, etimólogo da
PUC-RS, “antigamente, os diamantes eram cortados em forma de octaedro, um
poliedro de oito faces, assemelhando-se aos losangos do baralho francês”. Por
isso, os ingleses adotaram o nome de “diamante” para o losango herdado da
França.
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