quarta-feira, 9 de março de 2016

DICIONÁRIO CEARENSE


C
CABAÇO
Menina/Mulher Virgem .”A menina é zero-cabaço!”.

CABEÇA-CHATA
A origem desse apelido se perde no tempo. Especula-se que se deve a isso ou aquilo. Na formação da cabeça necessariamente não é. Outros nordestinos e até povos de outros países têm o mesmo tipo de crânio.O historiador Gustavo Barroso nos dá uma luz para a questão. Os milicianos cearenses que lutaram na época da Independência do Brasil, combatendo a tropa do major português Cunha Fidié que dominava o interior das províncias do Piauí e Maranhão, usavam gorros militares achatados enquanto os portugueses usavam barretes afunilados e pontudos. Por isso apelidaram os cearenses de cabeças-chatas.

CABRA
Homem, caboco.

CABRA-DA-PESTE
Homem valente, intrépido, afoito.

CAÇOAR
Temo muito antigo. Significa mangar, zombar, troçar, fazer chacota de alguém. “Mãe, a menina está caçoando de mim!”.

CAGAÇO
Bronca, carão, repreensão.”Levei o maior cagaço do chefe porque cheguei atrasado.”

CAGADO
Pessoa que tem muita sorte, sortudo. “O cara é um cagado, já ganhou duas vezes na loteria”.

CAGADO E CUSPIDO
Indivíduo muito semelhante a outro. Igualzinho. Dizem vir da expressão “Encarnado e Esculpido”.

CAGAR-O-PAU
Fazer uma coisa muito mal feita. Colocar alguma coisa a perder. Dar mancada. “O meu time cagou-o-pau” ou seja: jogou muito mal.

CAI-DURO
Sanduíche ou cachorro-quente de qualidade duvidosa.

CAJUÍNA
Bebida típica, produzida a partir do suco de caju e sem nenhum teor alcoólico. Produto absolutamente natural, quando feito da maneira tradicional, com o cozimento do suco para evitar a fermentação.

CALDO DE BILA
1. Brincadeira que se diz quando um caldo é muito sem gosto, sem consistência ou tempero. “Parece mais um caldo de bila” (Ou seja, preparado com as pequenas esferas de vidro que os meninos usam para brincar de gude e que, obviamente, não dariam gosto nenhum ao caldo).

2. Qualquer coisa muito fraca. “Esse jogador é mais fraco do que caldo de bila!”. (veja bila).
CALOMBO
Mondrongo.Caroço na pele, geralmente um lombinho (quisto sebáceo subcutâneo).

CAMBADA
Turma, grupo etc. Pode ter conotação pejorativa ou carinhosa: “Cambada de ladrões” ou “Cambada de amigos”.

CAMBIRIMBA
Lugar longe ou indefinido. “O cara mora lá nas cambirimbas, ninguém sabe onde é…”

CAMBITO
Pernas muito finas. “Essa menina mal consegue se equilibrar nos cambitos e ainda usa salto alto!”.

CANELAU
“Gentinha”. Ralé. Gente mal vestida. “Não sei como uma menina tão bonita gosta de um cara tão canelau”.

CÃO CHUPANDO MANGA
Pessoa feia demais.

CÃO COMENDO MARIOLA
Expressão muito usada em forma de desafio. “Eu não tenho medo nem do cão comendo mariola”. Ou seja, de alguma coisa ou de alguém muito perigoso ou importante. Também se diz criticado aquele que se tornou boçal, esnobe. “Foi eleito vereador e agora só quer ser o cão comendo mariola!”.

CAPAR-O-GATO
Não se trata de fazer nenhum mal aos gatinhos. Significa: ir embora, fugir de alguma situação, “se mandar”.

CAPIONGO (A)
Triste, melancólico. Acabrunhado. “Depois que a mulher morreu, ele ficou muito capiongo!”.

CAPITÃO
Pequeno bolo de farinha, feijão mulatinho e toucinho (toicinho) feito com as mãos e comido imediatamente. Parecido com o quibe.

CARA DE BICHO
Zangado (a), com muita raiva. “Quando soube do nosso namoro o pai dela ficou com uma cara de bicho!”.

CARAQUENTO
Áspero.”Este cimentado ficou muito caraquento mestre Jorge”.

CARÃO
Bronca, reclamação enérgica contra alguma coisa mal feita. “O teu pai vai te dar um carão…”

CARAÔI
Corruptela de caolho (ou caraolho), estrábico, indivíduo com desvio ocular, que não consegue controlar os eixos visuais (a denominação é mais comum para os que possuem o estrabismo convergente, eixos visuais voltados para o centro).

CARNE-DE-TETÉU
Indivíduo miserável e egoísta que não dá nada nem faz nada por ninguém. “Esse governo é carne de tetéu, não dá aumento de salário há oito anos…”.

CARRITEL
Ânus, boga, anel, fiofó. “Esse aí dá o carritel!”.

CARTEIRA DE CIGARROS
Maço de cigarros.

CASA DO CHICO
Lugar distante, perto da baixa da égua.

CASAMENTO-DA-RAPOSA
Situação climática curiosa em que sol e chuva se apresentam ao mesmo tempo.

CASCUDO
Forte pancada na cabeça de alguém ( quase sempre nos coitados dos meninos), com o dedo médio dobrado. Diferente do coque ou cocorote (veja em item posterior) o cascudo tem uma intenção de, no mínimo, provocar dor.

CATIRIPAPO
Pancada, porrada. “Vem que eu te dou um catiripapo”.

CATIROBA
Vadia, gato véi, mulher feia.

CATREVAGEM
Coisa imprestável ou muito feia. Usada também em xingamentos. “Vai lá catrevagem”.

CAXAPREGO
Lugar distante. “Vai pra caixa prego”

CEARÁ
Não se pode afirmar com precisão, mas a maioria dos historiadores emite opiniões semelhantes. Segundo José de Alencar, no Romance Iracema, o nome foi formado de: cemo (tupi) que significa cantar alto e de ará, uma pequena arara também denominada jandaia.Ceará seria então o canto da jandaia ou a terra onde a jandaia canta alto. Teodoro Sampaio (autor de: O Tupi na Geografia Nacional) tem praticamente a mesma opinião só que traduz ará por papagaio o que em termos de tradução está certo, pois ará não é um termo tupi específico.

CEARENSE
O certo seria “cearaense” como paraense, piauiense etc. (Seguindo a gramática portuguesa) Mas, o cearense tem a sua própria gramática e acaba ficando do jeito que ele quer. Assim, cearense entrou como o termo certo, no dicionário, para designar quem nasce no Ceará e estamos conversados.

CELULAR
Garrafa de aguardente em embalagem de bolso. A analogia com celular é mais uma sátira do cearense com os portadores desses aparelhinhos que parecem mais viciados por eles do que os cachaceiros pela bebida. Anteriormente essas garrafinhas (de 1/4 de litro) eram chamadas de quartota.

CEROTO
Sujeira na pele por falta de banho. “O menino não toma banho e está com muito ceroto!”.

CHAPA
Radiografia; dentadura.

CHAPÉU DE TOURO
Chifre.

CHAPULETADAS
Tapas.

CHARLAR
Corresponde ao que hoje se chama fazer charme. “O cara vive aí charlando pra cima das minhas irmãs”.A origem é curiosa, tudo indica que foi devido a um jogador de futebol (um dos pioneiros na introdução desse esporte no Brasil) chamado Charles Muller que tinha muita classe ou seja, habilidade com a bola. Daí para charlar, fazer classe, foi um pulo. Depois se estendeu para outros sentidos fora da linguagem esportiva.

CHECHEIRO
Quem passa checho.

CHECHELENTO
Nojento, cheio mazelas resultantes de falta de asseio, curubento.

CHECHO
Deixar de pagar os serviços de uma prostituta. Correr do pagamento. “Cabra checheiro eu ainda te pego”.

CHEI DOS PAU
Muito bêbedo, totalmente embriagado.

CHIBATADA
Corsa, porrada, pisa, peia. “Sai daqui se não te dou uma chibatada”

CHINELAR
Andar bem rápido. Pisar fundo no acelerador do carro.

CHULIPA
Dar uma passada rápida e violenta, embora sem intenções de machucar, com o dedo indicador na orelha de alguém (normalmente de meninos).

COISAR
Verbo que serve como substituto daquele que a pessoa esquece ou não quer, exatamente, usar. “Acho que essa menina está coisando com o namorado!…”. “Acho que este leite está coisado (estragado)!”. “Mulher que não sabe coisar acaba perdendo o marido!…”.

COM O RABO ENTRE AS PERNAS
Desconfiado, sem jeito. A expressão vem da atitude do cachorro quando faz alguma coisa que intuitivamente sabe que o dono não gosta e fica com o rabo literalmente entre as pernas, nitidamente desconfiado.

COM QUANTOS PAUS SE FAZ UMA JANGADA
Expressão que pode demonstrar, desafio, hostilidade, valentia.”vou mostrar a você com quantos paus se faz uma jangada”. Se você ouvir isso de um cearense, nem peça mais explicações, saia correndo. Pode no entanto, ser uma simples promessa de resposta a um desafio qualquer sem muita importância. “Você ganhou o jogo de hoje, mas, amanhã eu vou mostrar com quantos paus se faz uma jangada!”.

COMÍ QUE FIQUEI TRISTE
Comer demais. Encher o bucho. Ficar empanzinado. Empapuçado.

COCOROTE
Pancada na cabeça com o dedo médio dobrado. Ver Cascudo.

COROCA
Pessoa caduca. Usa-se muito ofensivamente. “é uma velha coroca”‘.

CORRALINDA
Coisa linda, pessoa bonita.

CORRER FROUXO
Ter em abundância. “Ali o dinheiro corre frouxo”.

COURO DE PICA
Expressão que indica alguma coisa que não se resolve, não ata nem desata. “O noivado desses dois é igual a couro de pica, acaba e volta, volta e acaba”.

CRIADO A PÃO-DE-LÓ
Expressão irônica para denominar filhos muito bem cuidados pelos pais ou mesmo animais de estimação muito mimados. “Aquele é criado a pão-de-ló…”

CRUZETA
Cabide para camisas e calcas.

CU DE CANA
Cachaceiro.

CU DOCE
Pessoa (principalmente mulher) que se faz de muito difícil, gente besta, pedante.

CUMELÃO
Garanhão.

CURRIOLA
Turma. Grupo de amigos.

CURUBA
Coceira persistente provocada por algum microorganismo que penetra na pele.

CURUBENTO
Aquele que vive acometido de curuba ou está sempre se coçando.

CURURU
Nome de grande sapo do Nordeste Brasileiro. 2. Desafio entre violeiros dessa região.


CUSTAR
Demorar. “O ônibus está custando muito”.

Fonte:soudonordeste.com.br

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